UM DESEJO ARDENTE

UM DESEJO ARDENTE

segunda-feira, 2 de março de 2015

IGREJA CRISTÃ EVANGÉLICA CONGREGACIONAL

Sarah Kalley Por: Celso de Carvalho Em 19 de agosto de 1855, Sarah Kalley ministrou a primeira escola bíblica a cinco crianças, filhas de duas famílias inglesas, contando a história do profeta Jonas. Sem perceber, ela deu um importante passo na história das igrejas evangélicas brasileiras. Sarah contou a história em língua portuguesa e ajudou a organizar a Igreja Evangélica Fluminense, marco das Igrejas Evangélicas Congregacionais no Brasil. Há 152 anos no país, a denominação mantém como seus pilares principais as áreas de ensino e evangelismo. Sarah Pulton Kalley desembarcou no Brasil em 10 de maio de 1855. Procedentes da Inglaterra, ela, ao lado de seu marido, o missionário e doutor Robert Reid Kalley, não tinham nenhum vínculo com qualquer entidade missionária, mas estavam dispostos a realizar um trabalho profundo de evangelização dos brasileiros, ajudando a resolver questões sociais no Brasil Império. De acordo com o pastor Vanderli Lima Carreiro, relator da comissão que estudou a história da denominação, antes do doutor Robert Reid Kalley, várias tentativas de evangelização foram feitas no país, sem resultado e continuidade. Nascido em oito de setembro de 1809 em Mount Floridan, próximo a Glasgow, na Escócia, doutor Robert foi batizado aos 38 dias de idade. Aos dez anos perdeu seu pai. Sua mãe se casou novamente, com David Kay, que criou Kalley manifestando o desejo de que ele se tornasse um pastor. A boa obra viria a se cumprir anos depois. Antes de se dedicar à obra de evangelização, Robert Kalley iniciou seus estudos na área de Medicina, tornando-se médico de bordo, e pôde, através disso, viajar o mundo conhecendo outras nações. Nessas viagens o doutor conheceu a congregacional Sarah Poulton, e em 14 de dezembro se casaram. Talentosa e visionária, trabalhando junto com os ingleses pobres, Sarah coordenava uma oficina de costura para enviar roupas aos missionários fixados em outros países. Por estar tão envolvida nesse contexto missionário, ela e o doutor Kalley, durante uma visita à sede da Sociedade Bíblica Americana em Nova York, souberam da necessidade espiritual do Brasil. Ao retornar à Inglaterra, o casal teve o chamado de largar tudo e vir para o país. Chegando ao Rio de Janeiro, em 10 de maio de 1855, a família Kalley não encontrou lugar adequado para desenvolver o trabalho que propunha realizar. Sem local, foram a Petrópolis (RJ) e ali alugaram uma residência. Naquele local, no domingo do dia 19 de agosto de 1855, Sarah Kalley ministrou a primeira escola bíblica a cinco crianças. Nos domingos seguintes já funcionava também a classe de adultos, dirigida pelo doutor Kalley. O ano posterior marcou a chegada de três famílias portuguesas dentre os refugiados de Ilha Madeira. A convite do doutor Kalley, essas famílias vieram ajudar na evangelização, sendo que em dez de agosto de 1856, 10 crentes se reuniram no Morro da Saúde para o primeiro culto da Igreja Evangélica Fluminense. Em 11 de julho de 1858, foi batizado o seu primeiro convertido brasileiro, Pedro Nolasco de Andrade, no Rio de Janeiro. Esse dia passou a ser considerado como a data da organização da “Igreja Evangélica”, mais tarde denominada Igreja Evangélica Fluminense, para distingui-la da igreja presbiteriana organizada pelo reverendo Ashbel Green Simonton no início de 1862. Robert e Sarah Kalley chegaram ao Brasil em 1855 e foram os precursores da Igreja Congregacional, vindos da Inglaterra MÚSICA E PUBLICAÇÕES O casal Kalley, além da EBD, também tem pioneirismo na parte musical. Foram eles que organizaram o primeiro hinário brasileiro, o Salmos e Hinos, em 17 de novembro de 1861. Por ser o primeiro no gênero, foi base para o Cantor Cristão, usado até hoje pela Igreja Batista, e o Hinário Evangélico, usado também pela Igreja Presbiteriana. Os fundadores da Igreja Congregacional também voltaram seus olhos para a área de ensino através da publicação de artigos na imprensa diária, distribuição de folhetos, visita às casas para propagar o cristianismo, instituição do culto doméstico e socorro aos enfermos. O casal militou pelas causas sociais e, como era médico, doutor Kalley ajudou a Comissão Sanitária a combater a cólera, doença que assolou Petrópolis no tempo do Brasil imperial. Kalley faleceu, aos 79 anos, em 18 de janeiro de 1888, e Sarah faleceu em 1907, aos 74 anos. ORIGEM DO CONGREGACIONALISMO O termo “congregacional” não é propriamente o nome de uma denominação e, sim, uma forma de administração que aceita como fonte de autoridade e única regra de fé e prática as Escrituras Sagradas (Antigo e Novo Testamento) e adota como síntese doutrinária os 28 artigos da Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo.A Igreja Evangélica Congregacional caracteriza-se, entre outras coisas, por todas as decisões a serem tomadas mediante o voto democrático dos seus membros reunidos em assembléia, tal como fazia a Igreja Primitiva conforme relatado no livro de Atos. O congregacionalismo brasileiro tem suas raízes em Londres, em 1567, quando o rei de então foi colocado como chefe da Igreja e as comunidades não aceitaram a determinação por entenderem que as igrejas devem ser autônomas e não sujeitas a qualquer outra entidade. Essas comunidades eram chamadas originalmente de “independentes”. A história das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil começou em 10 de maio de 1855, quando o doutor Robert Reid Kalley e sua esposa, Sarah Poulton Kalley, desembarcaram no Rio de Janeiro para iniciar um novo campo de trabalho e, em 19 de agosto de 1855, realizaram a primeira Escola Dominical em língua portuguesa, na cidade de Petrópolis, estado do Rio de Janeiro. Em homenagem ao pioneirismo editorial do casal, a Igreja Congregacional fundou uma editora, a Editora Sarah Kalley, que é responsável pela divulgação do pensamento congregacional entre as igrejas e está sob a administração do Departamento de Educação Religiosa e Publicações (Derp). IGREJA MODERNA No ano de 2005, a Igreja Congregacional comemorou, com grande festa, os 150 anos de organização. Com cerca de 356 templos nas cinco regiões e milhares de frentes missionárias, a igreja já pensa em seu futuro. Desde fevereiro de 2007, foi organizada uma comissão para estudar um plano de crescimento para os próximos dez anos. Esta comissão está promovendo fóruns de debates em todas as regiões para produzir um projeto de ação. “Nós temos trabalhos congregacionais em todos os estados do Brasil, mas queremos alcançar cada cidade, cada tribo brasileira onde não há presença evangélica. Duas coisas parecem bastante fortes: uma é o desejo pela unidade em Cristo, sem a qual não faremos nada. A outra é que em dez anos queremos triplicar o que somos hoje”, afirma o secretário da comissão e secretário geral da denominação, pastor Eleazar Duarte. O plano deve promover encontros até o mês de maio de 2008 nos estados do Acre, Distrito Federal, Recife e Paraná. “Estamos chamando o nosso povo para o trabalho do Senhor. Servir mais reafirmando nossa vocação missionária”, destaca o presidente da União das Igrejas Congregacionais do Brasil, reverendo Paulo Leite da Costa. Por serem igrejas autônomas, não se tem um levantamento do tamanho da membresia no Brasil. O que se sabe é que boa parte do rebanho está concentrada nas regiões Sudeste e Nordeste.